terça-feira, 25 de novembro de 2008

O BARULHO DA ÁGUA e O SOL E O MAR


O BARULHO DA ÁGUA

Enquanto a água escorre
e a mágoa percorre meu corpo,
eu não escuto.
O mundo segue no mute.
O tempo passa na surdina.

Eu me entupo de luto
e derramo minha sina.

E, assim,
alagada em minha lágrima,
cai a chuva, chora a água,
a dor transborda e me enxágua,
e eu me inundo de mim.

Até o fim.


O SOL E O MAR

Enquanto o sol me ilumina,
me fascina e me aquece,
nada mais me entristece,
nada mais me alucina.

Cores vibram,
ondas crescem,
pés se escaldam na areia,
corpos expostos anoitecem.

E o calor que me invade,
me traz o céu, me leva ao mar,
me deixa ao léu, me faz cantar.

Por isso a praia, com sua água salgada,
sempre cura a minha ferida,
renova minha vida,
me faz voltar a amar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A falante e o ouvinte

Ele adora ouvi-la falar.
Mas ela se concentra tanto nas suas narrativas, que sequer percebe o jeito apaixonado com que ele sorve suas palavras.
Mal sabe ele que ela também o ama.
E fala muito para disfarçar seus sentimentos.
Ela tem medo do silêncio. Ele pode revelar a verdade.

E assim, os dois vão sofrendo.
Se amando cada vez mais.
E se entendendo cada vez menos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dois lados

Se você dorme à noite e aproveita o dia,
não me negue a alegria de escrever enquanto todos dormem
e de sonhar enquanto os pássaros cantam.

Se você planeja como será sua vida,
respeite a minha agenda sem hora marcada,
e a minha meta de me deixar levar pelo vento inconsequente.

Se você sente pelo meu futuro,
não estrague o presente erguendo um muro
que separa o que é certo do errado.
Que nos divide em dois lados.

Pois o meu erro, se ele existe,
é unicamente quando estou triste
por não ser aquilo que tu almejas,
por tentar ser tudo o que não sou. Em vão.