terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cena do crime

Ainda sinto teus dedos deslizando na minha pele
e tua voz ecoando em meus ouvidos.
Nas minhas roupas, o teu cheiro,
na minha boca, o teu mel.

Tuas palavras se repetem na minha mente
e no i-Pod ainda tocam as músicas que você gravou pra mim.
Os copos na pia continuam rubros, com os restos do nosso vinho,
e o cheiro da pizza ainda invade minhas narinas.

A cama está desfeita
e a banheira continua molhada,
e eu tenho a nítida impressão
de que você vai me abraçar a qualquer momento.

Mas estou totalmente enganada.
Você já se foi há muito tempo.
E eu ainda não consegui desfazer a cena do crime.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O poeta não é triste

O poeta às vezes mente,
sentindo as dores como se fossem suas.
Ele mergulha no abismo por prazer
e deixa sua alma completamente nua.
O poeta não é necessariamente triste,
só insiste em sofrer para escrever
e, então, se libertar,
transformando sua lágrima
na palavra a rimar.
Mas se ele é deveras sensível,
exagerado,
- e até mesmo um coitado para os leigos -
também é extremamente meigo,
e, por vezes, demasiadamente otimista.
É do tipo que acredita em amor à primeira vista,
que saúda o sol a despertar o dia.
Então, ao ler os meus poemas,
não me olhe com cara de pena,
não me rotule de garota-problema.
Posso até ser mais triste que você em alguns dias,
mas enquanto você foge e nega sua dor,
cultivo meus sentimentos com ardor
e transformo tudo em poesia.
Quer maior alegria?