quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Natural

A noite cai.
O sol se vai.
A chuva molha
e a folha chora
o orvalho da noite.

As flores morrem
e o vento corre,
varrendo a terra
e o caminho.

Eu sozinho
ainda choro,
mas não imploro
por sua volta.
Eu sei que o fim
é natural.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sintomas

Doutor, tô doente
preciso melhorar.
A dor é insistente
e não tem hora pra acabar.
Vou relatar meus sintomas
e ouvir sua prescrição.
Por favor, tome nota
e preste muita atenção:
brilho nos olhos,
água na boca,
pressa no peito,
garganta rouca.
Queima a pele,
coçam as mãos,
bate ligeiro
o coração.
Sinto arrepio,
frio na barriga,
sua meu corpo,
arde a ferida.
Meus pés ficam gelados
e também saltitantes.
Tenho risos forçados
e manias irritantes.
Tenho raiva ainda
e por vezes alegria,
de repente vem uma tonteira
e me dá aquela azia.
A palavra fica presa
e queima sob a língua.
Noutras vezes ela dispara
e me sinto à míngua.
Tenho borboletas na barriga
e soluços constantes.
Me esqueço do passado.
Nunca senti isso antes!
E então, doutor amigo,
você pode me curar,
acho que estou amando,
que remédio devo tomar?