Foto: Alexandre Grand / Modelo: Fabíola Medeiros |
Você caminha
por entre ruas,
entre lama
e pedras,
olhos cansados,
corpo dolorido,
mas continua,
decidida.
O horizonte
te convida
e você anda,
ainda,
e manda
os calos
pro espaço.
Seus passos
não param,
e deixam marcas
na terra.
Às vezes,
você enterra,
aterra sementes,
descrente,
depois planta
e se encanta
com o crescimento
da flor.
Você vê amor
na sua estrada
e quase nada
te tira do prumo,
do rumo.
Por vezes,
eu sumo,
não assumo,
e me embrenho
no mato.
Os ratos
me fazem companhia,
roendo, ligeiros,
os restos.
Às vezes não presto,
mas logo volto
pra trilha,
sonhando
com a minha filha,
lembrando do meu amor
ainda desconhecido.
Quando você se olha
no lago,
vê um corpo novo
bem mais crescido,
assim acrescido
de rugas,
marcas novas
na pele
e um brilho novo
no olhar.
Você mergulha
no mar
e lava a alma,
respira fundo,
com calma
e esquece a revolta.
Você volta
e se solta,
você se joga
e roga
pra poder continuar.
Você ainda pode amar.
3 comentários:
um respiro no meio da canção, como faz Marisa Monte. Explício, arquétipo de desabafo em forma de oração. Belo...
Adorei esse poema, é a sua cara, uma mulher linda, sentimento, movimento, liberdade, palavras, gestos, correria, coragem, linda já sou sua fã... e fã de tuas poesias!
Ai, Ana, que linda, você. Obrigada! Continuemos bELAs e fortes nessa caminhada. Bjos, Mari!
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