segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Caminhada

Foto: Alexandre Grand / Modelo: Fabíola Medeiros
Você caminha
por entre ruas,
entre lama
e pedras,
olhos cansados,
corpo dolorido,
mas continua,
decidida.
O horizonte
te convida
e você anda,
ainda,
e manda
os calos
pro espaço.
Seus passos
não param,
e deixam marcas
na terra.
Às vezes,
você enterra,
aterra sementes,
descrente,
depois planta
e se encanta
com o crescimento
da flor.
Você vê amor
na sua estrada
e quase nada
te tira do prumo,
do rumo.
Por vezes,
eu sumo,
não assumo,
e me embrenho
no mato.
Os ratos
me fazem companhia,
roendo, ligeiros,
os restos.
Às vezes não presto,
mas logo volto
pra trilha,
sonhando
com a minha filha,
lembrando do meu amor
ainda desconhecido.
Quando você se olha
no lago,
vê um corpo novo
bem mais crescido,
assim acrescido
de rugas,
marcas novas
na pele
e um brilho novo
no olhar.
Você mergulha
no mar
e lava a alma,
respira fundo,
com calma
e esquece a revolta.
Você volta
e se solta,
você se joga
e roga
pra poder continuar.
Você ainda pode amar.

3 comentários:

Blog Oficial do João Pedro Roriz disse...

um respiro no meio da canção, como faz Marisa Monte. Explício, arquétipo de desabafo em forma de oração. Belo...

ANA ROOS disse...

Adorei esse poema, é a sua cara, uma mulher linda, sentimento, movimento, liberdade, palavras, gestos, correria, coragem, linda já sou sua fã... e fã de tuas poesias!

Mariana Valle disse...

Ai, Ana, que linda, você. Obrigada! Continuemos bELAs e fortes nessa caminhada. Bjos, Mari!