segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ginásio

escrito em 19/09/1993 (19 anos)

Já foi o tempo em que eu amava,
já foi o tempo em que eu sonhava.
O que sobrou não é nem pó,
tenho dó de estar tão só.
O tempo bonito de criança,
a liberdade e a esperança...
Eu era feliz e não sabia.
Ai meu Deus como eu queria,
queria voltar praquela época,
e viver tudo de novo.
Me apaixonar tão facilmente
e gostar insistente.
Conversar com meus amigos,
que realmente amigos eram.
Rir de coisas bobas,
saber que fim eles tiveram.
Fofocar com a amiga,
sobre o garoto que eu gostava.
Mesmo me achando bonitinha,
ele nunca me namorava.
Saber se eles também têm essa dor
que aperta dentro do meu peito,
que arrebenta sob lágrimas,
e não me deixa viver direito.
Saber se essa vontade,
tão louca de saudade,
também existe em suas vidas,
tão queridas.
Brigar com certas pessoas,
em ocasiões especiais,
ocasiões tão raras,
não voltam mais.
Fazer as pazes,
jogar tudo no ventilador,
e depois fingir ser
um mero observador.
Ir à festas,
dançar todas
e todos.
Ser sempre a primeira,
cara de pau.
Ficar na expectativa
de um possível primeiro beijo.
Quer namorar comigo?
Aprende esse passo.
Tem prova amanhã...
Me dá um abraço.
Quero só um pedaço
daquela euforia,
que era magia.
Ai meu Deus que agonia
eu era feliz e não sabia!

Insônia poética

Uma idéia está aqui, entre meus dedos,
e de repente vai embora.
A palavra escorre da minha boca,
mas num segundo evapora.
A emoção molha meus olhos.
Cadê a lágrima que não chora?

A voz tá rouca, é frouxa a vista.
Estou louca. Me dê uma pista!

Não sei se agarro a razão
ou se a desprezo e vou em frente.
Não sei se grito poemas de paixão,
se fecho o olho ou uso lente.

Acho que vou dormir.

Hipocrisia

A verdade aí
Todo mundo vê
na hora de falar
verdade, cadê você?

Precipício

Não sou singular,
sou plural.
Que mal há nisso?
Não sou igual!

Tenho em mim todas as mulheres,
todos os problemas e ambições.
Um determinado gosto não me define.
Não me venha com previsões!

Desista de me julgar, de me entender.
Basta me amar.

O que vai dentro de mim é meu
e é maior do que você imagina.
Conhece a dor, quem já sofreu.
Ser incompreendida é minha sina.

Mas eu sigo sempre feliz.
Gosto de mim acima de tudo.
Se pareço rir, brincar, fugir,
não se iluda, é meu escudo.

Para quem me acha alienada,
infantil, sem compromisso,
saiba que tudo é puro medo,
de apresentar meu precipício.

E se você não quer pular,
fazer valer essa viagem,
cale a boca e pare agora,
não me venha com bobagem!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Idiotas completos

Não excluo pessoas
e sim atitudes.
Todos têm seus vícios,
mas também suas virtudes.

Se por acaso sou obrigada
a conviver com alguém,
procuro entender seus defeitos,
e qualidades também.

Se as diferenças me irritarem,
trabalho a angústia dentro de mim.
Não pode ser culpa só do outro.
Por que o fulano me irrita assim?

Geralmente, há um motivo,
por mais bobo que seja.
Pode ser que aquele corpo
tenha algo que você deseja.

Pode ser apenas cisma
porque ele é aquilo e você não.
O nome disso é inveja,
raiva criada da frustração.

É por isso que não excluo,
não odeio, não deleto.
Sei que todos somos humanos,
e uns idiotas completos!

22 muros

escrito em 12/06/1996 (aniversário de 22 anos)

Cansei de ser vazio.
Aliás, de ser um cheio abstrato.
De ser um peito amigo,
o centro do umbigo.
Cansei de ser um chato!
Um rato qualquer nas esquinas
de cimento, sangue e pedra.
Cansei da pedra no sapato
e do caminho.
Queria ser sozinho,
no escuro,
sem todos esses muros
que me cercam os passos.
Queria ser um macaco,
mas sem chegar a virar sapiens.